Editorial Primeiras constatações

J.-M. Nobre-Correia

O acolhimento reservado ao “primeiro número” da Notas de Circunstância tomou contornos bastante singulares, merecedores, em todo o caso, de reflexão…
Lançar uma revista em linha a partir de uma localidade “do interior” é uma aposta assaz temerária. Que mais não seja porque Portugal é aquilo que é e, ao que parece, tudo se passa em Lisboa ou melhor : tem que se passar em Lisboa !…

Média nacionais houve, porém, que fizeram referência ao lançamento de Notas de Circunstância, sem que nada lhes tivesse sido pedido : o grande diário do Porto, Jornal de Notícias, os excelentes sítios de informação que são Clubedejornalistas.pt e Industrias-culturais.hypotheses.org. Enquanto que “A Ronda da Noite” da Antena 2 consagrou 34 minutos de entrevista ao assunto.

Para além das mensagens de simpatia e propostas de colaboração, pudemos constatar um inesperado sucesso das visualizações da Notas de Circunstância, particularmente elevado para uma primeiro número, dizem os especialistas : 2 520 até ao momento do lançamento deste segundo número. Pelo que não é de todo irrazoável esperar assistir a um efeito bola de neve à medida que a revista for mais conhecida como consequência de um boca-à-orelha que, esperamos, se desenvolverá.

Uma segunda constatação salta aos olhos : uma das grandes novidades das publicações em linha em relação às suas congéneres em papel é que as primeiras ignoram as fronteiras. Pelo que não há que admirar que a Notas de Circunstância tenha chegado a diversos países. Mas é já mais espantoso ver os resultados dos dez primeiros país onde encontrou leitores :



Outra constatação totalmente diferente : os textos “Repensar as estruturas” e “Democratizar o sistema”, tendo embora o mesmo autor, obtiveram respetivamente o maior e o menor número de visualizações. Oito vezes inferior, o resultado do segundo é provavelmente revelador do clima geral que reina no país : uma estranha alergia a tudo o que diz respeito ao mundo da política e a eleições. A taxa de abstenção das eleições autárquicas de 29 de setembro traduz aliás este estado de espírito, menos de 40 anos após a instauração do direito de voto. Um aspeto particularmente inquietante do estado da democracia portuguesa…