Imagens Pedras que falam…

Diamantino Gonçalves, fotógrafo

Nas penedias da Beira há música, melodia que talvez só mesmo um beirão poderá entender. Ecos de cinzel chegaram às Sés da Guarda ou de Castelo Branco como a altares de modestas igrejas ou capelas, a balcões de mansões nobres como de casebres populares.


Lá estão as alçadas de simples casas ou as pedras de armas em moradias da nobreza em que poderá passear o olhar. Como na beleza das calçadas que se pisam em doces caminhadas nas ruas das nossas cidades, vilas e aldeias.

Há música mais há também poesia nas pedras, como o disse magnificamente Maria Alberta Menéres nesta seu “As Pedras” :

As pedras falam ? pois falam
mas não à nossa maneira,
que todas as coisas sabem
uma história que não calam.

Debaixo dos nossos pés
ou dentro da nossa mão
o que pensarão de nós ?
O que de nós pensarão ?

As pedras cantam nos lagos
choram no meio da rua
tremem de frio e de medo
quando a noite é fria e escura.

Riem nos muros ao sol,
no fundo do mar se esquecem.
Umas partem como aves
e nem mais tarde regressam.

Brilham quando a chuva cai.
Vestem-se de musgo verde
em casa velha ou em fonte
que saiba matar a sede.

Foi de duas pedras duras
que a faísca rebentou :
uma germinou em flor
e a outra nos céus voou.

As pedras falam ? pois falam.
Só as entende quem quer,
que todas as coisas têm
um coisa para dizer.



































O título é da responsabilidade da redação de Notas de Circunstância.