Nas penedias da Beira há música, melodia que talvez só mesmo um beirão poderá entender. Ecos de cinzel chegaram às Sés da Guarda ou de Castelo Branco como a altares de modestas igrejas ou capelas, a balcões de mansões nobres como de casebres populares.
Lá estão as alçadas de simples casas ou as pedras de armas em moradias da nobreza em que poderá passear o olhar. Como na beleza das calçadas que se pisam em doces caminhadas nas ruas das nossas cidades, vilas e aldeias.
Há música mais há também poesia nas pedras, como o disse magnificamente Maria Alberta Menéres nesta seu “As Pedras” :
As pedras falam ? pois falam
mas não à nossa maneira,
que todas as coisas sabem
uma história que não calam.
Debaixo dos nossos pés
ou dentro da nossa mão
o que pensarão de nós ?
O que de nós pensarão ?
As pedras cantam nos lagos
choram no meio da rua
tremem de frio e de medo
quando a noite é fria e escura.
Riem nos muros ao sol,
no fundo do mar se esquecem.
Umas partem como aves
e nem mais tarde regressam.
Brilham quando a chuva cai.
Vestem-se de musgo verde
em casa velha ou em fonte
que saiba matar a sede.
Foi de duas pedras duras
que a faísca rebentou :
uma germinou em flor
e a outra nos céus voou.
As pedras falam ? pois falam.
Só as entende quem quer,
que todas as coisas têm
um coisa para dizer.
O título é da responsabilidade da redação de Notas de Circunstância.