Imagens A “Tomada do Carvalhal” 2

Diamantino Gonçalves, fotógrafo

Cada ano, na Quarta-feira de Cinzas, em plena Serra da Gardunha, é comemorado um acontecimento que, em 1890, traduziu a luta de um povo pela partilha comunitária e a autogestão de um baldio…
São velhas as lutas do povo pelas terras nas serranias, com muitas injustiças, muitas violências e demasiadas mortes. Mas nenhuma ficou registada na memória coletiva da região como a do povo do Souto da Casa pelo seu Carvalhal. Mais de um século depois, o grito de “o Carvalhal é nosso !” continua a ser festiva e anualmente comemorado. Porém, desta feita, não se trata já de repartir as terras, mas sim de partilhar simbolicamente entre os participantes as merendas cuidadosamente confecionadas e levadas para a serra.

Em 1890, a família Garrett, abastada e poderosa, julgava que podia apoderar-se das terras do Carvalhal. Esquecia ou queria esquecer que, em 1793, fora feita uma petição à rainha Maria I para que ela confirmasse o direito que o povo do Souto do Casa tinha sobre o Carvalhal. Na petição, dizia o procurador do povo do Souto da Casa, António José de Oliveira, que o baldio tinha sido comprado há mais de 400 anos para perfeita comunhão e liberdade do povo. Em 1794, em resposta, Maria I confirma que “O dito povo do Souto da Casa têm o domínio, e livre uso, em geral comunhão[1].


[1] Nota cedida gentilmente pelo professor Joaquim Candeias da Silva para a exposição que decorreu no Centro Documental da Gardunha, de 28 de fevereiro a 31 de março de 2010.








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